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HISTÓRIA DE SANTO ESTEVÃO
Santo Estêvão, a quem a Sagrada Escritura chama de "homem cheio de fé e de Espírito Santo", foi o primeiro que teve a sorte de derramar seu sangue em testemunho da fé em Jesus Cristo. Esta circunstância fez com que fosse honrado com o título de protomártir.
Estêvão era judeu da diáspora e morava em Jerusalém. Fazia parte dos sete diáconos que haviam sido encarregados pelos Apóstolos de assistirem os necessitados da comunidade. Seu nome em grego significa "coroa", e evoca a idéia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância porque não tem nada de fabuloso ou lendário.
A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, pôs tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova.
Estes mesmos fatos são descritos com fidelidade histórica pelo livro inspirado, os Atos dos Apóstolos, que é a primeira história da Igreja. Este mesmo livro nos narra a eleição de Estêvão ao número dos diáconos, com estas palavras: "Como aumentasse o número dos discípulos de Cristo, surgiram murmurações entre os de origem hebraica e os gregos, porque no serviço cotidiano eram esquecidas as suas viúvas. Os apóstolos, então, convocaram a assembléia dos cristãos e disseram: 'Não nos convém abandonar a Palavra de Deus para servir à mesa. Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, repletos de Espírito Santo e sabedoria, e nós os colocaremos na direção deste ofício. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da palavra'. A proposta agradou a toda a assembléia e foram escolhidos: Estêvão, homem cheio de fé e de Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau. Eles foram apresentados aos apóstolos e, depois de terem orado, impuseram-lhes as mãos" (At 6, 1-6).
Logo em seguida, o escritor sacro diz que Estêvão, cheio de graça e de força, operava grandes prodígios e sinais entre o povo. Vieram então alguns da sinagoga chamados libertos, dos cirenenses e alexandrinos, e puseram-se a discutir com Estêvão. Mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. Pelo que subornaram homens que atestassem: "Ouvimo-lo pronunciar blasfêmias contra Moisés e contra Deus". Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, chegando de improviso, arrebataram-no e levaram-no à presença do Sinédrio. Lá prepararam falsas testemunhas que depuseram: "Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a Lei. Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este lugar e modificaria as tradições que Moisés nos legou". Ora, todos os membros do Sinédrio estavam com os olhos fixos nele e viram-lhe o rosto semelhante ao de um anjo.
Como pretexto de sua autodefesa, em discurso longo e enérgico, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiramente resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter blasfemado nem contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem contra o Templo. Demonstrou de fato que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus. Em seguida verberou a incredulidade dos judeus, que chamou de homens de dura cerviz e de corações e ouvidos incircuncisos, e que sempre resistiram à voz do Espírito Santo. Terminou elevando os olhos para o alto a afirmando: "Eis que estou vendo os céus abertos, e o Filho do Homem sentado à direita de Deus" (At 7, 56). Então os acusadores, levantando um grande clamor, arremeteram unanimemente, com fúria, contra Estêvão e o apedrejaram. O livro sagrado anota que estava presente ao crime também Saulo, o futuro Paulo, apóstolo dos gentios.
As últimas palavras do mártir Estêvão, durante o martírio, foram: "Senhor Jesus Cristo, recebe o meu Espírito". E, com os joelhos dobrados debaixo de uma chuva de pedras, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a cruz: "Senhor, não lhes imputes este pecado." Tendo dito isso, adormeceu no Senhor. Alguns cristãos piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grandes lamentações por causa dele.
Os Santos Padres tecem grandes elogios a Santo Estêvão, pondo em relevo sua pureza, zelo apostólico, firmeza e constância. Antes de tudo, porém, lhe enaltecem o amor ao próximo, verdadeiramente heróico, que o levou a rezar pelos próprios assassinos. Esta oração, com certeza, mereceu a conversão de São Paulo.
A festa de Santo Estêvão, primeiro mártir da Igreja, foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal, mesmo sabendo que ele tenha sofrido o martírio no dia 3 de agosto, data em que é comemorada a descoberta de suas relíquias. Convinha que a festa da natividade de Cristo fosse seguida pela festa natalícia de Santo Estêvão, que foi o primeiro a sofrer o martírio por Cristo, portanto o primeiro a nascer no céu: "Ontem Cristo nasceu na terra, para que hoje Estêvão nascesse no céu".
Palavras de Santo Agostinho: "Em Estêvão brilhou a beleza do corpo, a formosura da idade, a eloqüência do discurso, a sabedoria da mente santíssima e a obra da divindade".
Diz também: "Forte coluna de Deus, quando mantido entre as mãos dos lapidadores como se estivesse entre tenazes, consolidava-se ainda mais, ardendo de fé. Foi ferido e arremessado, acorrentado e oprimido, morto mas não vencido".
E ainda disse: "Preste atenção em Estêvão, que era homem como você, pecador como você, redimido da mesma forma que você, e como diácono lia no Evangelho a mesma passagem que você lê ou escuta, e na qual está escrito 'amem seus inimigos'. Ele aprendeu isso lendo, e realizou obedecendo."
Fonte: http://www.paroquiasantoestevao.org.br/cont.php?cat=7
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