História de Nossa Senhora das Dores
Um dos títulos mais expressivos dados à Virgem Maria é o de Rainha dos Mártires. Ele enseja reflexões profundas sobre a obra redentora de Cristo e a co-participação de Maria na mesma. Além disto, as lições da Senhora das Dores são valiosíssimas.Santo Isidoro assevera que os mártires são testemunhas “porque sofreram para dar testemunho de Cristo e lutarem até à morte pela verdade”. Segundo a teologia, o martírio inclui a morte ou padecimentos mortais que assemelham aquele que padece a Jesus Cristo, uma vez que o móvel de tal sofrimento é sobrenatural. O amor a Deus é a essência daquela atitude.
Grandes as tribulações que suportou Maria. A ela a Liturgia aplica as palavras de Jeremias: “A quem te compararei, ou a quem te assemelharei, ó filha de Jerusalém? A quem te igualarei, ó virgem, filha de Sião? É grande como o mar a tua tribulação; quem poderá curar-te”?
A intensidade das dores desta Senhora foi na proporção mesma de sua imensa dileção para com seu divino Filho. Este era o Deus encarnado em seu seio materno, bem infinito a quem ela duplamente amava. É este Ser ao qual estava singularmente unida que ela contemplou entregue às maiores dores físicas e morais que a uma criatura foi dado experimentar.
Assim, com razão, ela é chamada Rainha dos Mártires. Seus padecimentos foram todos morais e seu verdugo implacável o seu terníssimo coração materno. Maria foi mártir não por paixão, mas por compaixão; não pela espada de um carrasco, mas pela pujante angústia interior, tão grande que, se não fora a graça divina, ela teria sido fulminada em cada transe doloroso pelo qual passou.
As dores morais são muito mais cruéis do que as corporais.
A história registra a capacidade incrível que as pessoas têm para, anos e anos, conviver com terríveis padecimentos físicos. A dor moral, porém, quando aguda, ou leva à loucura ou causa fulminante morte.
Uma vez que Deus quis associar Maria à obra salvadora, Ele lhe deu o suporte divino de sua força sobrenatural para que ela não desfalecesse.
O papa Bonifácio IV, quando incorporou ao cristianismo, a 13 de maio de 609, o antigo Panteão, o dedicou, apropositadamente, a Sancta Maria ad Martyres.
Ela por que muito padeceu, se tornou co-redentora da humanidade.
Os teólogos que tratam deste aspecto da mariologia são unânimes em frisar que os sofrimentos de Maria não eram absolutamente necessários à redenção. No sentido próprio da palavra só Cristo é o Redentor do mundo. Ele não precisa da cooperação de nenhuma criatura. Isto é ponto pacífico. Entretanto, há uma palavra de São Paulo sumamente expressiva: “Eu que agora me alegro nos sofrimentos por vós, e que completo na minha carne o que falta ao sofrimento de Cristo pelo seu corpo, que é Igreja”. Não obstante a paixão do Salvador ser dum mérito infinito, e por isto completa, nada a lhe acrescentar os padeceres dos homens, o Apóstolo mostra que se coisa alguma faltou a Jesus sofrer no seu físico, no seu corpo místico, de que somos membros, há algo a ser completado pelo sofrimento. Deste modo, num sentido subordinado e participativo existe uma cooperação com o Salvador na redenção do mundo. É neste aspecto que, como ninguém, Maria co-participou. Suas tribulações não têm similar nos anais dos povos. Adite-se que ela é co-redentora também neste sentido de que, por desígnios imperscrutáveis de Deus, ela foi incluída no plano soteriológico. Dela, de fato, recebeu Cristo a natureza humana e dela se fez dependente em uma parte de sua vida. As atribulações desta Senhora, conseqüência inevitável de sua maternidade divina, se inserem então, de modo peculiar, no processo salvífico. O Todo-Poderoso, realmente, não iria permitir tantos desgostos sem motivos especiais. Seriam inteiramente ilógicos os dissabores e desares desta Mulher bendita se estes não tivessem uma destinação superior. O Pe. Faber declara: “Sendo, pois, simultâneas a Compaixão de Maria e a Paixão de Jesus, ou melhor dizendo, sendo aquela uma parte integrante desta, participa de seu caráter de sacrifícios e de expiação, e isto de modo e em grau singulares e incomunicáveis a qualquer padecimentos expiatórios dos santos. A Paixão foi o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz e a Compaixão foi o sacrifício de Maria ao pé da Cruz, sua oferenda ao Eterno Pai, oferenda de uma criatura sem pecado, consumada para expiar culpas alheias”.
A compaixão de Maria por vontade de Deus integrou a Paixão de Cristo. Suas aflições não foram um mero ornato nos passos atribulados de seu Filho. Não foram sem sentido. Se Deus as permitiu é porque, como soe acontecer na ordem universal, havia uma destinação sublime a tantos padeceres.
Pelo Evangelho se sabe de momentos cruciais para Maria, nos quais as fibras mais sensíveis de seu coração perceberam angústias horripilas.
Considerá-las é haurir preciosas lições.
Fonte: e para ler mais sobre as 7 dores de Nossa Senhora: http://www.catequisar.com.br/texto/colunas/pewagner/102.htm
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